quinta-feira, julho 09, 2015

É só a vida ...

Há dias que chego na terapia e digo: “não adianta, eu nunca vou aceitar a morte. Nunca aceitarei o fato de que os radicais livres estão me devorando por dentro e, por mais que eu faça, euzinha, essa pessoa tão legal, um dia não será nada além de pó. E o universo? Ele nem se dará conta”.

É duro conviver com esse tipo de pensamento. Nem preciso falar sobre o tratamento psiquiátrico e terapêutico que faço, há anos, para me manter essa pessoa equilibrada e bem humorada, apesar das minhas dúvidas, angústias e incertezas!

Fato é que, de vez em quando, isso passa. E passa quando eu tenho a oportunidade de ver que nascer e morrer faz parte da gente e que é até um movimento bonito. Gente saindo de cena para dar espaço a outras.

Há 15 dias, uma amiga da minha mãe a quem eu chamava de mãe branca, porque a minha é preta, morreu. Fiquei pensando que começou o processo. Se tudo correr de forma o natural, são os amigos da minha mãe e ela própria que partirão. Depois virá a minha geração, e depois a da minha sobrinha e assim por diante.

Minha mãe tem uma outra amiga de muito tempo. Ela chama-se Maria Alice, mãe da Neide, a quem chamo de irmã. A Neide teve duas filhas: a Ágata e a Pâmela. Eu batizei a primeira e meu irmão a segunda. Hoje, eu recebi a notícia que a minha menininha, que eu vi crescer na barriga da mãe, fui ver na maternidade, torci por ela, chorei com seu sofrimento e sorri com suas vitórias, está esperando um bebê.

E enquanto eu ia para o mercado, após receber a notícia, a nuvem da angústia que sempre me acompanha se dissipou. Pensei que estamos indo para a quarta geração que se conhece, que se gosta, que briga, mas que também se adora. Nós não somos parentes de sangue, mas quem pode dizer que não somos uma verdadeira família? Não é um movimento lindo?

Obrigada, minha Ágatinha, a madrinha já ama a sua criancinha! 

Gaia - A Mãe Terra

Obs: vamos estocar água, porque hoje eu ouvi que a Cantareira só se recupera daqui oito anos! A criança precisa de água!