terça-feira, maio 15, 2012

E no meu mundo louco, Carolina Dieckmann é vítima e não vilã

Não, eu não vi a entrevista da Carola Dieckmann no Jornal Nacional porque estava fazendo coisa melhor – última aula do curso de literatura latina com o Juan Pablo Lindo Villalobos – sou superior!


Ai, eu chego hoje e está todo mundo jogando pedra na Geni do século 21. Então, eu queria entender só uma coisa. A mulher tira umas fotos peladas pro marido, por ignorância arrisca os dados na net – quem nunca – tem as fotos pessoais, íntimas, tiradas na privacidade do lar ou da puta que pariu roubadas. É chantageada, não sede à chantagem – o que eu acho ótimo porque chantagista é escória – e tem as fotos jogadas na net. O meu constrangimento aqui é o seguinte: por que o linchamento público e moral é DELA e NÃO dos criminosos que roubaram, chantagearam e publicaram as fotos ilegalmente? Por que é que as pessoas riem da cara dela, quando ela diz que se preocupou com o que o filho de 13 anos pensaria? Aliás, alguém consegue imaginar o que o infeliz tá passando na escola, porque criança sabe pegar pesado, né?  


A resposta é bem básica MACHISMO. É o mesmo princípio que leva gente a achar que mulher é estuprada porque não usou roupas "adequadas" e não porque o estuprador é um doente. Pra que esculachar os hackers chantagistas, se podemos colocar a mulher, que tem sua sexualidade resolvida, um marido bonito, atriz bem sucedida mais uma vez na fogueira? E sabe o que mais me mata, eu não vejo só homens tendo este tipo de atitude. Puta gentinha machista e recalcada!








quarta-feira, maio 09, 2012

Aos espíritos livres

Sou uma pessoa que tem suas crenças. Tenho minha religião, faço banho de descarrego, de proteção, bato cabeça para meus orixás, me visto de branco, dou passagem aos meus guias. É nisso que acredito, mas não só nisso.

Eu acredito na ciência. E por acreditar na ciência, me emociono ao saber que Galileu Galilei foi obrigado a negar comprovação da hipótese heliocêntrica de Copérnico, lutando sem êxito, contra o dogmatismo e a superstição que travavam o progresso da ciência naquele tempo. Duas vezes, Galileu foi obrigado pela Igreja Católica Apostólica Romana a decretar que as ideias de Copérnico eram falsas e que o Sol era quem girava ao redor da Terra.

Eu acredito na filosofia. E por acreditar na filosofia, me é tão forte a busca de Nietzsche pela origem do bem e do mal. E que esta busca seja realizada de uma forma imparcial, como ele evidencia no primeiro ensaio da obra: “(...) desejo que estes investigadores, que estudam a alma ao microscópio, sejam criaturas generosas e dignas, que saibam refrear o coração e sacrificar os seus desejos à verdade (...) ainda que simples, suja, repugnante, anticristã e imortal... porque tais verdades existem”.

Eu acredito em Platão e no “Mito da Caverna”. E por acreditar nisso, tenho “aletéia” tatuada em meu braço. Porque enquanto a pessoa fica passiva, presa às aparências, eu quero sempre ir além. Porque eu prefiro morrer, a ficar presa na ignorância, no limiar das aparências. Para se chegar à verdade, é preciso movimento, busca, conhecimento. As sombras, pra quem leu o texto, num resumo raso, é toda a realidade e toda a verdade para aqueles que não saem da caverna e se contentam em acreditar nelas. Eu quero ir além da caverna e por isso, não julgo a realidade dos outros pelo que acontece ao redor do meu próprio umbigo. A batalha da outa não é a minha e, acredite, são batalhas difíceis!

"A caverna subterrânea é o mundo visível. O fogo que ilumina é a luz do sol. O acorrentado que se eleva à região superior e a contempla, é a alma que se eleva ao mundo inteligível. É este pelo menos meu modo de pensar (minha verdade pessoal), que só a divindade pode saber se é verdadeiro (relatividade da verdade com relação à divindade). Quanto a mim, é como passo a dizer-te. Nas últimas fronteiras do mundo inteligível está a ideia do bem criador da luz e do sol no mundo visível, autora da Inteligência e da Verdade no mundo invisível e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos levantados para agir com sabedoria nos negócios individuais e públicos." 
Eu acredito em direito. Mais que isso, acredito piamente em direitos civis e me agride profundamente quando vejo-os sendo desrespeitados por quem sequer tem bons argumentos.

“Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como o direito de ir e vir, de dispor do próprio corpo [interrupção de gravidez, eutanásia e até mesmo a liberdade de entupir a bunda de droga até morrer], o direito à vida, à liberdade de expressão, à propriedade, à igualdade perante a lei, a não ser julgado fora de um processo regular, a não ter o lar violado.

Esse grupo de direitos tem por objetivo garantir que o relacionamento entre as pessoas seja baseado na liberdade de escolha dos rumos de sua própria vida - por exemplo, definir a profissão, o local de moradia, a religião, a escola dos filhos, as viagens [novamente, escolher se é a melhor hora ou não para ter um filho, se quer ou não viver como um vegetal, se vai ou não ser mais feliz entupindo a bunda com droga] - e de ser respeitado por qualquer que seja a escolha, porque ela é individual, logo dispõe sobre como o “INDIVÍVIDUO’ prefere conduzir a própria vida! Não a vida do parceiro, não a vida da mãe, pai, avô, papa, periquito. É o que ela(e) quer pra vida! Por isso, direitos civis dizem respeito à liberdade de cada um e não à liberdade do outro.

Ter os direitos civis garantidos, portanto, deveria significar que todos fossem tratados em igualdade de condições perante as leis, o Estado e em qualquer situação social, independentemente de raça, condição econômica, religião, filiação, origem cultural, sexo, ou de opiniões e escolhas relativas à vida privada.” (EducaRede

Então me diz, por que diabos eu não posso viver num país em que, a decisão de uma mulher julgar apropriada ela ter um filho naquele momento tem que ser decidido por bilhões de pessoas que não têm ideia do que aquela diaba está passando na vida? E quando eu digo isso, estou me referindo a abandono por parte do pai, que nunca é punido, a não ter condições econômicas, a não ter condições psicológicas e, em última instância a simplemstente não querer.

E não me venha falar em pílula ou camisinha, porque eu não sou hipócrita em falar que TO-DAS as vezes nas quais eu tive uma relação sexual eu estava totalmente protegida. E quem nunca passou por isso e tiver coragem de atirar a primeira pedra, venha pro pau!

Eu quero sim viver num país onde eu possa decidir se quero continuar viva ou não, caso eu fique tetraplégica, ou não possa mais ganhar a vida como eu ganho, escrevendo, porque eu acho realmente que eu me sentiria menos digna sem a minha profissão. E foda-se, se na sua opinião, eu pareça uma fraca. Forte é você saber o que é melhor pra sua vida.

Tem gente que tem uma vida de merda e se mata de se drogar porque jura que desta maneira as coisas parecem melhores. Quem sou eu para julgar isso? É a vida dela, não são as minhas dores, eu não posso interferir nisso. O mínimo que eu posso querer é um Estado que se coprometa em ampará-la no momento em que ela quiser parar com isso e não conseguir.

É este o mundo no qual quero viver. Porque eu não quero que ninguém aponte a merdinha do dedo indicador pra dizer o que é melhor pra vida vida, baseados em uma moral falida e em dogmas religiosos que mataram milhões em fogueiras.

Então, eu sou a favor da interrupção da gravidez, sou a favor da eutanásia, sou a favor de os gays terem os mesmos direitos dos heterossexuais no quesito casamento, sou a favor de um Estado laico, porque religião é escolha pessoal e por isso não deve interferir nas decisões individuais das pessoas. E é o Estado quem deve garantir isso. Então, bebê, se você se sente ofendido com o que eu posto na porcaria do Facebook, no Twitter, na conchichina, sobre estas questões, simplesmente me deixe!

Porque, desculpe, na minha opinião a minha luta é maior que a sua. Eu luto e acredito num mundo em que você, por exemplo, engravide e, mesmo julgando não ser o momento, possa dar continuidade à sua gravidez por seja lá quais motivos você tiver; enquanto outra mulher, na mesma situação, tenha a opção de interrompê-la pelos motivos que ela tiver, amparada pelo Estado, independente de ela ter dinheiro ou não para fazer isso de uma forma segura, como acontece hoje. 

Pelo direito de decidir sempre!