quarta-feira, dezembro 21, 2011

Um copinho de cicuta

Eu estou passando por um período difícil nos últimos dias. Então, hoje resolvi meter o pé na jaca. Tudo começou quando eu comi quase 300 gramas de salmão acompanhado de bolinho de arroz. Não satisfeita, comi um mouse de cupuaçu. Já estava indo embora, quando chegou um bolo de cenoura fresco que matei com um café expressito.

Pensei: "ótimo, agora eu morro de indigestão e todos os meus problemas acabaram",mas eu consegui me levantar da mesa. Segundo minha mãe, não morri porque Deus não quis. Aliás, Deus e eu estamos numa briga ferrenha nos últimos tempos.

PORRA, Deus, custava me matar lá mesmo no café, com a cara melada no bolo de cenoura? Mas que matar que nada, Deus quer que a gente aproveite cada pequeno momento horrível que a vida pode nos proporcionar. É para o aprendizado, segundo o senhor Kardec. Às favas com o aprendizado, eu quero um copo de cicuta agora!

quarta-feira, agosto 31, 2011

A mulher negra na mídia

Participei de um curso promovido, no Sindicato dos Jornalistas de SP, chamado “Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas”, porque acredito que a gente sempre pode melhorar como pessoa e como profissional, né? Ontem, tivemos um exercício que foi muito bacana: ler matérias publicadas na Folha de São Paulo, G1 e IG, por exemplo, sobre os grupos abordados no curso, e como eles veiculam matérias destes grupos em suas notícias.

No caso do meu grupo, analisamos uma chamada da Folha Online para duas notas publicadas na coluna da Mônica Bergamo e que é de deixar qualquer um bem preocupado com o que consumimos, em termos de notícias, por ai. Seguem as matérias e uma breve análise dos causos!

06/07/2011 - 08h50

Diretora é condenada por chamar professora de "macaca" em SP

DE SÃO PAULO

A diretora de uma escola pública de São Paulo foi condenada a um ano de prisão por ter chamado uma professora negra de "macaca". A pena, no entanto, foi convertida no pagamento de um salário mínimo, segundo a coluna Mônica Bergamo, publicada na edição desta quarta-feira da Folha.

A coluna completa está disponível para assinantes da Folha e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

De acordo com a coluna, Francisca Teixeira disse, ao receber Neusa Marcondes em sua sala: "Entra aqui, macaca, venha assinar esse documento".

A defesa da diretora alegou que ela se referia à "hiperatividade" da professora, que estaria pulando e fazendo brincadeiras com as colegas. A Justiça não aceitou o argumento.

O advogado da diretora, Alexandre Barduzzi Vieira, disse que vai recorrer. "Ela foi infeliz de usar essa palavra, que por si só não pode ter carga suficiente para caracterizar um crime", diz.

Vamos começar pelo título! Observem que o crime de injúria racial é omitido. A diretora foi condenada porque usou o termo “macaca” pura e simplesmente. Não há a preocupação em informar por qual crime a dita senhora foi condenada.

Perderam a chance, inclusive de esclarecer qual a diferença entre crime de injúria racial e racismo. Como a gente pretende fazer diferente, peguei um link bacanudo que explica direitinho o trem pra gente não permanecer na ignorância! Eu, por exemplo, não sabia que tinha diferença, pra mim era só racismo e ponto. Clica nesta gracinha "O que é realmente segundo a lei Injúria Racial X Racismo".

Ai, o que temos em seguida? A declaração pompilha pomposa do advogado da acusada – atenção, só da acusada – que tem a oportunidade de apresentar mais uma vez a defesa da criminosa – sim, porque ela foi considerada culpada. Além de dar voz somente à acusada, deixando a vítima negra e mulher de fora, pra melhorar a palhaçada, o advogado minimiza a questão dizendo que a palavra “macaca” por si só NÃO poderia caracterizar o crime.

Mas vai ficar melhor, ou pior, vocês decidem. Vamos às notas da senhora Mônica Bergamo.

MACACO NA JAULA (heim?)

A diretora de uma escola pública de SP foi condenada a um ano de prisão -convertido no pagamento de um salário mínimo- por ter chamado uma professora negra de "macaca". Francisca Teixeira disse, ao receber Neusa Marcondes em sua sala: "Entra aqui, macaca, venha assinar esse documento". A defesa da diretora alegou que ela se referia à "hiperatividade" da professora, que estaria pulando e fazendo brincadeiras com as colegas. A Justiça não aceitou o argumento.

ORIGEM DAS ESPÉCIES (acuma?)
O advogado da diretora, Alexandre Barduzzi Vieira, vai recorrer. "Ela foi infeliz de usar essa palavra, que por si só não pode ter carga suficiente para caracterizar um crime", diz. "Vamos chegar ao ponto de não poder usar mais nenhuma expressão. Não poderíamos ensinar a teoria de Darwin, que se refere ao homem como descendente do macaco."

Bom, preciso dizer que eles acabaram de “regaçar”? Nós estamos falando de um crime de injúria racial – aprendemos direitinho! O que deu na porra da cabeça da Mônica Bergamo ou de seus digníssimos colaboradores de colocar “Macaco na Jaula” e “Origem das espécies” nos títulos das notas, meu Senhor do Bonfim? Só pode ser tóxico, não tem outra explicação plausível pra isso. Fumaram crack e foram escrever!

Na primeira nota, há novamente a contextualização do caso, que não difere muito da chamada da Folha Online, a não ser pelo título criado sob efeito de drogas pesadas. "Macaco na jaula", dá pra comentar? Eu não consigo!

Mas na segunda nota, o que temos? Temos a pobre Teoria da Evolução das Espécies, de Darwin sendo utilizada para o quê? Para justificar injúria racial - nós já aprendemos!

Darwin deve ter dado piruetas no caixão. Isso é muito perigoso e sério! Durante muito tempo, uma séria de teorias fundamentadas em nome de uma pseudociência foram utilizadas para dizer que negros têm tendência ao crime, que são violentos, que são inferiores aos brancos!

Como é que se publica uma declaração destas sem a menor preocupação em explicar, esclarecer? Como é que se dá voz apenas ao acusado? Não é um princípio BÁSICO do jornalismo ouvir a porra das duas versões? Onde está a mulher, negra que sofreu a violência para dizer como se sentiu?

E podemos ir além. Podemos concluir que apesar de libertas, apesar da revolução sexual, do feminismo, a MULHER NEGRA continua literalmente sem voz.

Podemos concluir que além de injúria racial, a diretora foi sexista, porque talvez ela não tivesse falado “vem aqui, macaco” se o empregado fosse um homem negro.

Podemos dizer que houve abuso de poder, porque ela é a autoridade dentro da escola e, mais que isso, é quem determina as políticas de como o colégio deve agir em caso de racismo. Como será que esta diretora lidaria com uma questão racial entre os alunos? Que tipo de orientação seria dada?

Tudo isso não passou nem perto de ser abordado por qualquer uma das matérias. Podem argumentar que uma nota não teria espaço pra todas estas abordagens, mas não ouvir a vítima é imperdoável!

No curso que mencionei, trabalhamos com mais quatro grupos que pegaram textos parecidos e onde o indígena, a lésbica o negro, em nenhum momento é ouvido. Mas nós podemos fazer diferente. Hoje em dia, todos os veículos tomam cuidado para que crianças e adolescentes sejam reconhecidos em suas matérias. Usam o termo vulnerabilidade social, ao invés de estarem se drogando ou prostituindo. Foi fácil esta “educação”? Não, mas nós aprendemos. É importante que este cuidado passe a fazer parte de nossa rotina, enquanto jornalistas, afinal, está lá, em nosso código de ética, só pra refrescar a memória:

Art. 6º É dever do jornalista:

I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios

expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;

II - divulgar os fatos e as informações de interesse público;

III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão;

XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias

individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos,

negros e minorias;

XIV - combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais,

econômicos, políticos, religiosos, de gênero

Acho que diz tudo, né?


MULHER NEGRA continua literalmente sem voz

Obs: post inspirado no jeito como a Madrasta Texto Ruim critica matérias veiculadas na nossa malacabada grande mídia!


terça-feira, julho 12, 2011

O que não preciso

Eu não sou uma pessoa fácil! Eu penso demais, eu filosofo demais, eu quero respostas pra tudo e sofro quando não as consigo.

Eu sou exigente, alguns dizem que sou mimada. De qualquer forma, a pessoa é para o que nasce e eu sou assim:

eu gosto de sol, de dias quentes, de noites de lua cheia, eu gosto de praia e de cachoeira, sou filha de Oxum e Ogum, mas não deixo de me render aos encantos de Iemanjá e Xangô.

eu gosto de quadrinhos e meus personagens preferidos são a Mafalda e o Calvin.

eu quero ser mãe, sentir um filho crescer dentro de mim, mas também quero adotar uma criança.

eu gosto de ler, de ouvir música sozinha, adoro cinema e me encanto com o teatro. A dança é linda,mas pra mim só o caos da contemporânea. O clássico me enjoa!

eu gosto de saia e de vestido, eu adoro sentir meus pés livres em uma sandália e de andar por ai despenteada. Me sinto mais autêntica quando não penteio o cabelo.

eu gosto de chocolate e de sorvete. Eu como quase tudo, mas odeio mastigar salada.

eu prezo minhas amizades e sou leal a elas. Eu estou com você até o fim, se te considerar meu amigo.

eu gosto de político, prefiro falar dela a discutir futebol.

eu gosto do meu trabalho. Gosto de escrever e não me imagino ganhando a vida de outra forma.

eu gosto de rock, muito, mas minha vida não teria graça sem Caetano, Gil, Chico, Bethânia, Gal Costa, Calcanho e tantos outros.

eu não tenho saco pra esportes, não pratico – deveria - e só acompanho quando é copa ou olimpíada.

eu gosto de crianças, mas só as que não gritam. Gosto do sorriso delas e da lógica própria de ver o mundo. É divertido!

eu adoro bichos. Eu amo cachorros e gatos, mas acho que só os últimos têm o dom de ensinar você a viver com mais leveza, elegância e sutileza.

eu sou imediatista, não sei dar tempo ao tempo e sou punida por isso.

eu sou bipolar. Então às vezes acordo bem triste; às vezes acordo tão alegre que posso voar. É difícil, mas são meus momentos e tento conviver com isso.

eu mudo de opinião sobre um determinado assunto 25 vezes no dia, mas só quando eu não confio no que me disseram.

eu gosto da verdade, eu gosto de quem é verdadeiro comigo.

eu gosto de trepar, de beijar na boca, de abraçar, de dar carinho, de dar confiança, de dar lealdade, de me dar inteira.

eu achei que não pudesse mais gostar. Descobri que posso, mas tenho exigências!

eu preciso de vínculos, de estar próximo. Se não for deste jeito, me sinto incompleta e assim eu não quero!

eu não tenho problemas em me doar, desde que perceba que o outro está na mesma sintonia, fazendo o mesmo. Do contrário, eu não quero!

eu sou uma pessoa difícil. Esforçada, eu sempre tento melhorar, mas ainda assim sou difícil.

Nem sempre sei o que quero, mas com certeza, sei o que não preciso.


segunda-feira, junho 27, 2011

Alma calejada

Tem gente que já sofreu demais nesta vida. Tanto, mas tanto que a impressão é de que se viveu 70 anos em 30. E sofrimento é uma grande escola, se você está disposto a aprender. E sofrimento também deixa a alma calejada.

Então chega-se a um ponto em que você simplesmente pensa “vai passar” e realmente isso acontece e você se recupera cada vez mais rápido, não porque tenha virado um insensível, mas porque você se dá conta que não vale a pena chorar por muita coisa, se uma hora tudo aquilo apenas desaparece.

E isso é um ponto positivo, certo? Quer dizer, superar é uma coisa boa. A merda acontece, você chora por três dias, até quase morrer desidratada e ai acaba. Guarda as lições que tiverem que ser guardadas e esquece. Não volta atrás, não acredita em novas oportunidades, em mudanças repentinas de personalidade, apenas segue enfrente.

Porque se não deu certo uma vez, a menos que a pessoa morra e renasça, vai continuar a fazer as mesmas bostas. É uma realidade, algumas pessoas vieram ao mundo pra causar desgosto, um atrás do outro e as pessoas de alma calejadas a reconhecem de longe.

O problema de tudo isso? Bom, com o tempo você tende a se afastar de pessoas e situações na menor possibilidade de sofrimento. Você passa a evitar situações de confronto, coisas que vão te deixar insatisfeita porque não aconteceu do jeito que planejava e se pergunta “pra que tudo isso, eu posso apenas chutar da minha vida e acabou”.

Bem, até certo ponto superar é ser maduro, é saber que a vida não pode ser o tempo todo do jeito que nós queremos, mas e quanto a fugir de na menor possibilidade de ter que viver uma tristeza, uma decepção?

Felizmente a vida coloca em nossos caminhos pessoas que conseguem mostrar o quanto vale a pena enfrentar certos percalços porque no final do arco-íris tem um pote de ouro, e quem não gosta disso?

Não é fácil mudar um modus operandi que dá certo e te mantém numa zona de conforto. Mas e lá do lado de fora? Lá pode estar seu pote de ouro, será que não vale arriscar? Sim, vale. Foi isso que levou a humanidade a grandes descobertas, que trouxe pro Ocidente o macarrão, os fogos de artifício, o sorvete, as especiarias, tanta coisa boa! Só que pessoas assim, de alma calejada, elas precisam ser encorajadas, elas precisam acreditar que vale a pena dar uma volta lá fora. Elas só precisam de alguém disposto a ajudar e segurar a sua mão, como as crianças quando aprender a andar de bicicleta, saca?

E não estamos falando aqui de namorado ou namorada, pode ser um bom amigo, pode ser o pai, a mãe, a tia, um conselheiro espiritual, pode ser um estranho. Só precisa ser alguém generoso e fiel, porque a responsabilidade é grande, mas o universo, bom o universo sabe recompensar bem as pessoas que resgatam estas frágeis almas calejadas! Porque pra chegar na felicidade, às vezes é preciso tropeçar em algumas pedras!

terça-feira, junho 14, 2011

Um solitário no cais

É alta madrugada na beira do cais. A neblina encobre os navios e o chão que piso. Deixo-me levar pelas risadas de velhas prostitutas e o tilintar dos copos de marinheiros e estivadores que, assim como eu, só desejam descansar o corpo para a labuta do dia seguinte.

Na entrada do bar, avisto Anita, a prostituta ruiva de cabelos curtos e coxas grossas. Uma das poucas meninas que não perdem o brilho com a chegada da madrugada. Ela sorri para mim. Eu acendo um cigarro, retribuo o comprimento e vou me sentar em um canto isolado. Anita não me acompanha. Ela me conhece há tempo suficiente para saber que esta noite pertence a mim e a meus pensamentos.

A garçonete me serve o bom e velho conhaque de todas as noites. A primeira dose desce queimando num piscar de olhos. A segunda já bate forte o suficiente para me remeter ao mesmo bar, porém anos atrás. Naquela época, eu era apenas um menino que acompanhava o pai no retorno a casa, depois das vendas no mercado de peixe.

Ele parava naquele mesmo boteco e era servido pelo pai da garçonete: cerveja e algumas sardinhas pescadas por ele mesmo.

O ambiente já me encantava. As diferentes bebidas, as canções de Odair José na vitrola, a fumaça, os trabalhadores dos cais, os diferentes sotaques. Eu sabia que não cresceria longe dali. Que tudo aquilo sempre correria forte em minhas veias.

Foi bem perto daquele mesmo lugar, que conheci a mulher que mudaria para sempre a minha relação com as demais. Depois dela, as outras sempre me pareceram somente comuns. Eu tinha 17, ela tinha 15 anos. Garota de praia, filha de boas vidas, meu primeiro beijo, meu único amor.

Na frente deste bar ela se despediu de mim para desaparecer naquela mesma neblina. Era ainda ali, obedecendo minha sina, que todos os dias eu retornava para sonhar com
ela.

* Texto livremente inspirado na música "Outro Cigarro" de Renato Godá.

segunda-feira, junho 06, 2011

O noivo corajoso

O salão estava cheio. A decoração era delicada e encantadora. O branco do vestido contrastava com meu véu colorido e os detalhes vermelhos da maquiagem em meu rosto pálido.

Eu tinha apenas 16 anos quando fui levada a Macau para me casar com um grande comerciante que pagou um ótimo dote ao meu pai para me ter como esposa. O nome de meu futuro esposo era João, um português gentil, porém velho e mal cheiroso a quem eu repudiava com todas as minhas forças.

A verdade é que sua pessoa não era de toda ruim, mas a proposta de casamento afastou-me de Olivier, o francês contratado por minha mãe, para me dar aula de etiqueta, literatura e piano. Afinal, eu era um biscoito fino.

O que ninguém sabia era que Olivier me ensinou muito mais que apreciar escritores como Bocage, Conde Byron e o tão temido como pouco compreendido Marquês de Sade. Com Olivier, também havia aprendido a me doar por inteira, a dar risada, a desejar e ser desejada, aprendi a ser mulher, a querer ser livre e aprender tudo o que eu pudesse sobre a vida. Foi a ele que entreguei meus sentimentos mais íntimos, pouco antes de partir a Macau.

Apesar de toda a intensidade de sentimentos e do que eu havia vivido com Olivier, fui incapaz de dizer não ao meu pai, e aceitei o casamento. E enquanto eu estava ali, parada diante da porta da igreja, submersa em todos estes pensamentos, em como tudo poderia ter sido diferente, mas não seria por minha covardia, mal notei a correria ao meu redor e o olhar de espanto com que todos me olhavam.

Só me dei conta de que algo estava errado quando vi meu pai se aproximando de mim e dizendo "eu sinto muito". Perguntei o que havia de errado e ele me respondeu que o noivo havia fugido com o amante que há anos tinha um caso. Olhei nos olhos de meu velho pai, ergui minha cabeça com toda dignidade que consegui e agradeci a Deus pelo noivo ser mais corajoso que eu.

domingo, maio 29, 2011

Simplicidade pra quem?

A gente ama e odeia, perdoa e culpa, ri e chora, tem fé e dúvida, habitua-se e perde o hábito, tem coragem e tem medo, e mais um monte de dicotomias que carregamos todos os dias conosco.

Diante de uma realidade como esta, a questão que fica é: quem foi o babaca que disse que o segredo de tudo é a simplicidade? Nós não somos simples!

É nosso exercício diário sermos complexos. É de nossa natureza ploblematizar questões, perguntar-se a que veio, pra onde vamos, desejar o melhor, desejar o pior, querer mudar de vida, querer dar o melhor a quem ama, correr atrás do que se quer, largar tudo, virar hippie, ir morar em Jericoacoara.

A vida não é simples e ela precisa ter seu valor reconhecido. Por que ela não passa de um acaso. O Big Ben tinha uma chance em um milhão para acontecer. E ele aconteceu, e o universo começou a se expandir, e os planetas surgira, e começaram a girar em torno do sol. E o primeiro sopro de vida, seres unicelulares surgiram e evoluíram e deram espaço ao que somos hoje: milhares de anos de evolução, "o tele-encéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor" tão bem explicado no documentário Ilha das Flores.

Durante muito tempo eu tentei ver a vida de uma maneira simples pra tentar facilitar, mas eu só conseguia ser rasa e deixava um monte de coisa pra trás. Não dá pra ser assim, é contra a nossa natureza. Eu quero o complexo, o que arde, o que me provoca, o que me coloca em dúvida e me faz ir além! Vale cada gota de suor, vale cada lágrima de alegria ou de tristeza, vale absolutamente tudo porque coloca no meu caminho o que eu chamo de felicidade e que eu quero pra mim. Não pode ser simples, não pode ser fácil. Tem que ser conquistado!

domingo, maio 22, 2011

É que parece um sonho...

A minha cabeça não dá conta do que meu coração e minha alma sentem. Ela não processa, porque sabe que eu não esperava que pudesse sentir tudo isso.

Este amor que me completa, que me tira o chão, que me faz querer viver pra sempre perto de você. E eu nunca planejei coisas como estas. Eu nunca pensei que pudesse querer passar minha vida com alguém, ter um filho muito desejado com alguém, porque já me roubaram isso um dia!

Querer tanto alguém como eu te quero me deixa apavorada. Eu tenho medo de perder o que está se construindo. Que alguma catástrofe aconteça e eu perca tudo.

É que parece um sonho, você entende? Eu encontrar alguém que eu goste tanto e que a recíproca seja verdadeira. Eu quero bem a você, aos seus filhos, à vida que a gente pode construir juntos.

Eu só queria dizer isso, que pra mim a vida nunca foi fácil, e eu passei parte dela nadando contra a maré e quando tudo parece que vai dar certo, eu desconfio, eu duvido. Você me dá a sua paciência? Porque eu tenho todo o amor do mundo pra te dar e eu quero muito que você aceite.

quarta-feira, maio 11, 2011

O meu som e a minha fúria

Eu sempre gostei desta frase, título do livro mais contundente de Willian Faulkner. Era bom saber que além de mim, um escritor tão fodido também pensava desta maneira. Vida deveria ter trilha sonora, vida deveria ser sempre “furiosa”, no sentido de levá-la com entusiasmo, com inspiração, com vontade!

Mas nem sempre as circunstâncias são favoráveis a toda esta fúria. A gente deixa de ouvir os sons que fazem a diferença, não repara nas cores que estão a nossa volta, espera sempre mais de quem está muito aquém de nossas expectativas. E a vida vira uma coisa morna e sem graça.

E daí de repente você cansa e resolve atirar! E você é premiado pela ousadia: o universo diz amém e as coisas começam a acontecer do seu jeito, na sua velocidade, com a pessoa que você quer e, olha só, ela está bem além do que você poderia considerar bom!

E isso é reconfortante, e isso é legal, e isso faz você perder o ar, e faz você acreditar, e faz você mergulhar sem olhar o que está lá embaixo. Pelo prazer de sentir o sangue pulsar mais rápido, o corpo ficar quente, o coração acelerar! A vida volta a ter som, ela volta com toda a fúria!

O som de hoje é do Ira e a minha fúria é você!

domingo, abril 24, 2011

Algumas coisas que queria pra mim

A gente não sabe deixar as coisas simplesmente acontecerem. Eu não sei. Queria ficar reclusa, queria me fortalecer, queria estar mais segura pra enfrentar o mundo como eu gosto, com toda a autoridade do mundo. Mas eu atropelo o processo!

Eu provoco, crio situações, me deixo levar por desejos só porque eu acho que a vida é mais divertida deste forma, é mais verdadeira. Mas eu não sei lida com tudo isso. Então, eu fico na dúvida sobre o que eu fiz ontem, eu espero ansiosa, muito ansiosa pela resposta do amanhã e eu não consigo viver o hoje do jeito que eu preciso.

Meu estômago dói, a angústia acaba comigo, as ideias não dão trégua pra minha cabeça, não deixam em paz a minha alma. E eu só queria, uma vez na vida, encontrar a alegria assim, de primeira, sem ansiedade, sem grandes expectativas. Não acho que seja pedir demais, eu não acho mesmo!



Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro, mas eu chego lá

quarta-feira, abril 06, 2011

Sobre palavras e amigos...

No final de semana passado, fui ao teatro assistir à peça "Antes de a Coisa Toda Começar", da Armazém Companhia de Teatro, grupo do qual já tinha me apaixonado completamente na peça "Inveja dos Anjos", visto na morada do sol.

Além da música ao vivo, com destaque para composições de Lou Reed e Beatles, interpretadas pela sensacional Rosana Stavis, o que eu gosto no trabalho da cia. é a maneira como constrói diálogos que ficam martelando em nossa cabeça, ou pelo menos na minha.

Neste trabalho, um dos primeiros diálogos que gostei é o que chama a atenção para o fato de as palavras estarem "envenenadas" e corrompidas pela política, pela igreja, pela publicidade.

Isso me incomoda profundamente. Desde que me conheço por gente, a escrita sempre sempre foi a maneira de me expressar e me comunicar com os outros. As palavras escritas sempre foram libertadoras, salvadoras, generosas com a minha pessoa, por permitirem fazer de mim a pessoa que sou e gosto de ser.

Por isso, quando vejo as palavras serem utilizadas de forma mentirosa, agressiva isso chega de maneira muito dolorosa até mim. Porque palavras são poderosas, porque no princípio era o verbo. Que coisa mais forte que isso? O verbo, ação, criação.

Amo as palavras, amo quando o que eu digo faz todo o sentido em relação ao que penso, sinto e vivo. A minha coerência! Eu não desperdiço palavras!

Além das palavras, gostei muito da peça, quando Zoe, a garota apaixonada pelo irmão interpretada por Patrícia Selonk diz desejar o que é melhor para ela própria e para os seus amigos.

Porra, eu achei tão bacana isso. Porque eu desejo mesmo o melhor aos meus amigos, por mais que nossos caminhos estejam distantes. Por quê? Porque como a personagem, me dói ver pessoas que eu amo abdicando de sonhos, crenças, do que fazem eles serem quem são.

Eu odeio ver meus amigos fazendo isso pelos mais diferentes motivos. Eu odeio quando percebo que eles estão com alguém, não porque amam, mas por comodidade. Eu odeio quando eles se submetem a empregos escravos e viram uns cagões defendendo seus suas atividades medíocres - não todos, mas alguns que vejo fazendo isso, são aqueles que viviam dizendo - palavras ao vento - o quanto eram "revolucionários", fodões, corajosos!

Eu não me conformo com isso. Eu não quero que morram entregues a coisas que não acreditam por mera questão de sobrevivência, que matem suas crenças, seus ideais. Eu quero eles pulsando e lutando por uma vida menos ordinária.

Eu quero o melhor aos meus amigos, eu quero todos vivos, eu quero eles todos corajosos, porque o medo mata o verbo, acaba com a ação. E sem ação, a gente não tem vida!


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segunda-feira, março 21, 2011

Uma certa inaptidão para o amor...

Faz tempo que eu venho observando isso. Achei que fosse amadurecimento, mas estou chegando à conclusão que o que ocorre é um certo enrijecimento daquele músculo responsável por fazer o sangue correr por veias e artérias.

O fato é que cada vez menos eu sinto. Eu sinto muito pouco pelas pessoas que passam e se vão; pelas pessoas com quem compartilhei algum tipo de intimidade, eu sinto muito pouco por não ter alguém com quem eu precise de fato me importar, porque isso é foda.

É foda você ter que pensar no outro antes de fazer qualquer coisa. E se você aceita estar em um relacionamento, ou isso é automático, ou você é um grande egoísta. Egoísta eu não sou.

Eu sou carinhosa, eu sou generosa, eu sou divertida, eu sou inteligente, mas, porra, o meu coração não sente! E não é falta de coragem em gostar, em se abrir, é só uma certa vontade de que as coisas todas aconteçam sem que eu precise mover um único dedo.

A verdade é que o amor nunca bateu em minha porta, assim como quem não quer nada e, putz, dá uma preguiça absurda de se abrir pra isso, se envolver, não dar certo, terminar, se envolver, não dar certo, terminar, se envolver, não dar certo e terminar...

Não há músculo que aguente todo este movimento. Talvez ele precise de algum tipo de remédio, talvez ele preciso mudar de dona. O fato é que eu me sinto completamente inapta para o amor. Eu me sinto mal? Não. Eu tenho medo? Também não. Eu só me sinto estranha.

terça-feira, março 15, 2011

Sobrevivência...

Sobrevivemos à insônia, sobrevivemos à convivência familiar, sobrevivemos às frustrações, sobrevivemos a amores perdidos, ao filho que não pôde vir, sobrevivemos ao metrô lotado e sem ventilação todos os dias, sobrevivemos à espinha que da noite pro dia esculacha seu nariz. E eu, que sou tão a favor da vida, confesso que me dói demais ter que sobreviver a tudo isso!

sexta-feira, março 11, 2011

O mundo dá voltas e eu adoro...

Muitos dias sem escrever, mas muitas coisas para dizer! Estou feliz e isso já resume muita coisa. Feliz como há muito tempo não me sinto.

O que isso significa? Que as manias estão completamente fora do controle: compro sapatos, compro toalhas lindas e caras, compro coisas para uma futura casa que eu sonho e eu amo, amo cada coisa doida que me acontece!

Bom, primeira novidade boa é que estou trabalhando em uma revista, coisa que eu adoro. Quase tive um orgasmo quando peguei o bonequinho dela na mão, semanas atrás. É tão legal! A revista fala sobre engenharia elétrica - a gente escreve sobre qualquer coisa - e agora eu sei que raios nada mais são que descargas atmosféricas. Vivendo e aprendendo.

Semana passada, três anos longe de Sampa, encontrei um ex-chefe com que sempre houve um tesão reprimido - Freud explica. Eu estava passando a noite na gandaia da Augusta, resolvi descer até o Bar do Estadão e lá estava ele, matando um sanduíche de pernil às quatro da matina.

Ele me ofereceu carona, eu fui e foi legal. Foi bom porque era uma noite que eu não esperava nada, mas ai, ai o mundo estava lá no seu rotineiro movimento de rotação e translação e de repente ele te surpreende e te presenteia!

Sabe? Eu poderia ficar encanada, querer mais, ver de novo, mas foi um presente e não é mais especial curtir desta forma? Então eu simplesmente deixei que tudo acontecesse e, se tiver que se esbarrar de novo, o mundo está ai, só girando.

Também reencontrei um cara muito bacana com quem eu tenho uma relação de muito carinho, de falar um monte de coisas e sei lá, não rolar nada. Mas está bom assim, porque eu ando meio perturbada das ideias, então a gente sai, conversa, toma cerveja importada, fala de coisas legais e vai embora.

Tem também o Hermes que tem sido tão legal comigo e a gente passa parte do dia falando coisas que não vão fazer a gente chegar a lugar nenhum, mas mesmo assim a gente diz, porque é divertido.

Também tem o Joel, meu querido terapeuta que sempre dá as melhores definições sobre mim para eu mesma. Por exemplo, sobre eu estar um tanto quanto "dispirocada" e com vontade de beber o mundo. Joel, com toda sua sabedoria freudana disse que eu preciso ter um trilho, que na verdade eu tenho, mas no menor tilintar de música, do outro lado da linha, eu descarrilo. Foi ele também que disse que eu era uma princesa que tinha fugido do castelo.

Melhor que as definições dele, só a de uma preta velha que disse que meus pés estavam sempre na água e minha cabeça na lua. Ou seja, em um mesmo dia, eu pensava, fazia e sentida milhões de coisas diferentes. Ela estava certa, eu sou assim mesmo.

Bom, de novo à volta dos que não foram, há também o japa que diz que vai me engravidar - bom, primeiro ele precisa conseguir transar comigo, é só um detalhe - e o pessoal com quem eu andava, do Movimento Humanista que está reaparecendo, mas que eu não tenho certeza se estou preparada para voltar - isso talvez implique em rever o homem que mais me fez chorar na vida.

Mas ai eu penso nos tais movimentos da Terra, eles levam e trazem pessoas para nossas vidas. Faz com que revivamos situações, dá novos significados a lugares e pessoas e, principalmente, muda a gente.

Talvez este cara nem esteja mais envolvido com isso, talvez revê-lo não seja um baque. Apesar de o tempo ser o eterno retorno do mesmo, nós mudamos e isso é muito bom!

domingo, fevereiro 20, 2011

Queria ser um caramujo? Não...

Desde pequena, eu nunca imaginei ou desejei uma vida "normal" pra mim. Eu me lembro que queria ter três filhos, de três pais diferentes, de preferência com culturas diferentes, pra ter uma super integração em casa. Mais que isso, eu trabalharia em lugares diferente, o que agregaria ainda mais coisas legais a minha vida e à vida das crianças!

Hoje, aos 32 anos, os filhos ainda não vieram e o único estrangeiro que peguei foi um argentino - eu adoro argentinos! Porém, as cidades, ah, as cidades. Estas foram muitas, desde os meus 19 anos, e tenho certeza que outras tantas virão!
Tudo bem, ela não são as europeias dos meus sonhos de menina, mas foram cidades que me acolheram e deixaram boas lembranças pra contar.

Bauru - a cidade sem limites
Aos 19, saí de casa pela primeira vez. Fui para Bauru estudar jornalismo. Vivi três anos na cidade de Edson Celulari, Pelé e do astronauta brasileiro - tem que falar das pieguices, né? O fato é que Bauru sempre será meu melhor parâmetro de liberdade e felicidade. As melhores risadas, os melhores amigos, o céu mais azul de inverno que já vi na vida, as noites mais estreladas.

Os lençóis de SP
Bauru me deu também o primeiro marido, hoje ex-marido, que vivia na vizinha Lençóis Paulista, onde passei seis meses. Bem, na época, meados de 2001, eu só via coisas ruins na cidade. As pessoas sempre me olhavam estranho em qualquer lugar que eu fosse; todo mundo, na primeira oportunidade que tinha, perguntava sem pestanejar de onde eu era; qual o sobrenome da minha família e por que eu usava chapeu. Bom, até onde eu saiba, as pessoas usam chapeu para se protegerem do sol. O problema é que os meus não eram de cowboy. Daí a estranheza.

Jequices que eu abomino até hoje, à parte, foi lá que eu descobri o que é ter e ser parte de uma família de verdade, tal qual cantam Os Titãs. É ouvir a música e lembrar de quando eu era casada, dos domingos na casa dos sogros, dos sobrinhos, das cunhadas malucas. Foram bons tempos.

A morada do sol
Há três anos, fui morar em Araraquara. A cidade, na minha cabeça, serviria como uma espécie de sanatório para um coração destroçado. Foi lá que eu talvez mais tenha chorado na vida. Vi o quanto as pessoas podem ser egoístas e endureci meu coração o máximo que pude.

Das coisas boas, a morada do sol também me presenteou com alguns bons amigos, que quero ter sempre comigo. Também foi lá que fiz a louca e tal qual um Dom Quixote, resolvi peitar alguns grandes moinhos. Eles ainda estão de pé, assim como eu. Servem para mostrar que dignidade e convicção fazem toda a diferença em nossas vidas.

A cidade também me deu mais sol e calor que qualquer outro lugar do mundo. Me deu também Zé Celso, a Semana de Teatro Luiz Antônio, o Araraquara Rock e os Ramones, além de uma das melhores trepadas da minha vida, com um cara de São Carlos, mas quem se importa?

Pés vermelhos
Daí eu fui para em Tatuí, onde passei uns 20 dias. Fazia de um tudo no jornal local, trabalhava 12 horas por dia e ganhava muito pouco. Não deu pra mim! Apesar de achar a cidade pouco boemia, pra um local que tem como principal atração um Conservatório Musical, a praça era a mais animada das que eu já vi à noite, e eu comi a melhor torta de banana da minha vida, no Café Canção, um lugar adorável.

Foi também em Tatuí que eu conheci a Sara, a melhor dona de pensão para moças de fino trato do mundo. Sábia, divertida, generosa, maluca. Lembro da noite que as duas problemáticas tomaram seus respectivos ansiolíticos da noite e, ao invés de ficarmos calmas, fizemos a louca na casa, atasanando a Adriana, nossa colega de quarto que tinha o cabelo mais comprido que eu já vi na vida. Bem dita seja tu, Tatuí e sua Sara!

Às voltas com os sulistas
Minha última empreitada foi Americana - Santa Bárba d'Oeste (SBO). Fiquei hospedada na casa do amigo Fernando (Uniiiiiiiiii), quem arrumou o trampo pra mim no Diário de SBO (lê-se ESBÓ). A cidade foi a primeira e única fundada por uma mulher - a dona Margarida. No jornal, eu conheci o Chico, fotógrafo bacana das antigas, que trabalhou no Notícias Populares - é claro que eu adorei ele!
Esbó é também a cidade do primeiro carro brasileiro , a Romi-Isetta (Romiseta), cidade natal que Rita Lee nega até a morte; povoada por americanos sulistas - isso dá medo.

Foi em SBO que tive a chance de me sentir num filme do Tarantino, quando Chico e eu fomos fazer uma matéria, num dia infrnal de quente e cruzamos com um boteco, que tocava AC-DC bem alto, enquanto uma coroa, vestida de vermelho e com bota de couro até o joelho jogava sinuca.

Estava tão quente que eu pensei estar alucinando. Pedi pro Chico fotografar a cena, mas ele disse que a gente poderia levar um tiro. Ficou só na lembrança!

Busto de Dona Margarida da Graça Martins está exposto na Praça Central de Santa Bárbara. Foto: Arquivo Histórico Fundação Romi


Em Americana, os grandes lances eram dois: a rotatória "Stop Four" em quatro direções e a Praça Tiradentes.

O prefeito, querendo inovar, criou um sinal de trânsito, escrito em inglês e que não existe nem nos Estados Unidos. Nem adianta explicar, é só olhar a imagem. Quem vem pelas quatro ruas, dá de cara com a rotatória e para. É um "stop" pra todo mundo. Passa quem for o mais corajoso!



Por fim, a Praça Tiradentes, com um gramado impecável, que todos os dias me convidava para dar uma descansadinha deitada na grama. Era bom isso, me deixava feliz, me conectava com Gaia (ai, que riponga) e devolvia minhas energias.

Algumas cidades depois, me vejo novamente em Sampa. Muita gente acha maluquice estas minhas andanças, afinal, a maioria gostaria de estar em São Paulo, mas veja bem: Sampa é a cidade onde nasci, é onde estão minhas raízes, as pessoas e coisas que mais amo, é para onde eu digo que voltarei quando for a hora.



Agora diz ai, se eu não tivesse esta sede de beber o mundo, quantas coisas divertidas, pitorescas, e quantas lições de vida eu não teria perdido? Claro que é cansativo. Às vezes penso que deveria ter nascido feito caramujo: somente com uma mala nas costas, com roupas, livros e CDs, sem cão nem gato, que dão muito trabalho. Não é fácil, minha vida não é fácil, mas eu aprendi a me divertir com tudo isso!

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

A verdade vos libertará

Há pelo menos quatro anos, tautei a palavra Aletheia no braço. Do grego, a palavra significa verdade, ou o que não está escondido.

Fiz esta tatuagem após um momento muito difícil na vida. Tão difícil que, na época, procurei uma monja budista pra conversar. Eu sabia que ela me ouviria sem me julgar. De toda a conversa que tivemos o que ficou e estará para sempre comigo é: por mais que doa, a verdade é sempre melhor que viver em um mundo de ilusão, de devaneios, de o que pode vir a ser, mas não temos certeza. Enfim, o Godot que nunca chega!

Foi dolorido ouvir tudo aquilo, mas depois que aprendi isso, os sofrimentos diminuíram consideravelmente.

Sou verdadeira com o que sinto, com o que faço, com o que penso. Digo o que não está escondido sempre que percebo que isso vai ajudar um amigo a ser mais feliz, mostro a mim mesmo o que não está escondido, quando sinto que isso fará meus dias melhorarem.

Mas sabe o que eu odeio? Eu odeio gente que mente para mim e são mentiras mesquinhas, coisas pequenas que me fariam feliz, mais que isso, que me libertaria. Quer coisa mais generosa do que libertar alguém de qualquer devaneio que nunca acontecerá?

Um exemplo muito simples: alguém disse que me ligaria para conversarmos, provavelmente sobre um futuro que não daria certo. E eu estava preparada para ouvir isso e disse "o compromisso agora está com você, eu não entro mais em contato porque você está promentendo ser homem e falar comigo". Eu cumpri o que prometi. Agora, pergunta se o lazarento teve a decência de dar um simples telefonema pra falar "NÃO ROLA, ME ESQUECE".

Ah, pelo amor de Deus! Isso não é algo tão difícil de fazer. É liberatador para as duas partes, porque eu detesto situação mal resolvida e principalmente porque, até minha mente esquecer por completo, eu sempre vou esperar que ele cumpra com a promessa, me ligue e me dê o pé na bunda como as coisas devem ser. Olha, eu aceito até um torpedo, uma mensagem de e-mail.

É por isso que, cada dia mais, eu creio na frase que, se não me engano, é bíblica e de alguma maneira está presente na maioria das religiões "a verdade vos libertará" e liberdade é uma das melhores coisas nesta vida.

Homens, mulheres, vocês são pessoas ou um bando de pé de couve? A verdade é tudo na nossa vida, é libertária, é libertina, é respeitosa, nos dá alegria, nos mostra o que importa, nos dá foco, coragem. Ser verdadeiro com o outro é mostrar-se disposto a colaborar com a sua felicidade. É um gesto nobre e generoso. É bom demais da conta. Tenta vai, me dispensa, porra!

domingo, fevereiro 06, 2011

Para aqueles que merecem ouvir perdão

Sabe, eu sou umbandista, medium, recebo bahiana, preta velha, meu caboclo, meu boadeiro e claro, o pessoal da esquerda. Minha pomba-gira e meu exu.

Na última vez que trabalhei, uma moça veio falar com minha pomba-gira e pediu a ela algo muito simples: que um homem que a magoou lhe pedisse perdão. É justo não é? Eu pouco lembro das conversas que tenho com as pessoas, quando estou incorporada, mas alguns pedidos não me saem da cabeça, como se fosse obrigação minha e do guia atender ao pedido da pessoa.

Engraçado é que agora, eu também me vejo querendo o perdão de alguém. Apenas por ele ter sido leviado, ter mentido, ter fingido interesse. Então, eu resolvi publicar uma oração para aqueles que possuem fé. Peçam às pombas-giras que elas deem o perdão que vocês merecem. Não se pede pra amarrar ninguém, onde eu fui feita umbadista, mas perdão é algo que nos liberta, que nos faz segur enfrente, com a força da justiça ao nosso lado.

Aos que jugam que merecem algum pedido de desculpa, façam com fé e com o coração. Troque as iniciais e ore com fé.

ORAÇÃO

Senhor! Que T.C.N. nesse momento esteja pensando em mim E.S.S. arrependida de tudo que me fez querendo a todo custo me pedir perdão arrependido de tudo que me fez , querendo me ver , me pedir perdão e que em sua mente só tenha a minha presença que T.C.N. me procure ainda hoje para me pedir perdão arrependida de tudo que me fez...Assim seja! Minha Rainha Pomba Gira Maria Padilha, Rainha das sete Encruzilhadas, peço assim: vá ONDE T.C.N. estiver e faça com que ela não descanse enquanto não falar comigo E.S.S., pelos poderes da terra, pela presença do fogo, pela inspiração do ar, pelas virtudes das águas, invoco as 13 almas Benditas. Pela força dos corações sagrados e das lágrimas derramadas por amor, para que se dirija até onde T.C.N. estiver nesse momento, e traga seu espírito até mim E.S.S., implorando o meu perdão. Que T.C.N. queira falar comigo implorando o meu perdão... Que T.C.N. Salve Pomba Gira Maria Padilha, Rainha das sete Encruzilhadas, te peço assim: Gira, vai mulher gira, gira ao meu favor, gira ao meu favor e traga T.C.N. pra mim .E pedido assim: Ar move, fogo transforma, água forma, terra cura, e vai girando, e a roda vai girando, vai trazer para mim E.S.S.a T.C.N.arrependida implorando o meu perdão. Que T.C.N. não consiga viver em paz enquanto não me pedir perdão. Que T.C.N. não consiga parar de pensar em mim E.S.S.e sentir remorso por tudo que me fez. Assim seja, assim será, assim está feito. Salve Pomba Gira, Salve Sete Saias. Salve suas irmãs, Maria Mulambo, Maria Padilha Arrepiada, e todas as outras da Falange. Salvem Sete Saias, minha boa amiga, mulher de Sete Exus, defensora de todos os seres. Salve Sete Saias, minha boa e gloriosa princesa, conheço a tua força e o teu poder, te peço atenda o meu pedido. Que T.C.N. não durma e não descanse enquanto não pedir perdão... Faça Maria Padilha Rainha da sete encruzilhadas com que T.C.N. sinta remorso por tudo que me fez. Pelos Sete Exus que acompanham seus passos, rogo e suplico que T.C.N. venha implorando o meu perdão. Agradeço por estar trabalhando ao meu favor e vou divulgar seu nome em troca desse pedido minha gloriosa pomba gira. Maria Padilha traga T.C.N. implorando o meu perdão ainda hoje. Ainda que T.C.N. resista, que com seu poder Maria Padilha, rainha das sete encruzilhadas sopre o meu nome E.S.S. no ouvido de T.C.N para que ela me procure logo arrependida de tudo que me fez. Que T.C.N. não consiga ter paz enquanto não me pedir perdão... Que venha feito uma cobra rastejante, humilde e mansa, que venha dizendo que quer o meu perdão e assim possamos ter um bom convívio. Assim seja e assim será! Eu profetizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que T.C.N. virá correndo atrás de mim E.S.S., arrependida o mais rápido possível pedindo para ficarmos de bem. Confio no poder das falanges da Pomba Gira, Rainha das sete Encruzilhadas, cada vez que for lida essa oração, mais forte ela se fará, estarei publicando está oração como oferenda, pedindo que me conceda o pedido de fazer com que T.C.N. se arrependa de tudo que me fez e venha depressa implorar o meu perdão. Sei que os Espíritos da Falange da Pomba Gira já estão soprando o meu nome E.S.S. no ouvido de T.C.N. e ela não conseguirá fazer nada se não falar comigo e não terá um minuto de paz. Confio no poder das Sete Encruzilhadas, e vou continuar divulgando essa oração poderosa. Que assim seja, assim será e assim está feito. Publique e terá uma surpresa!

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Mais uma primavera

Hoje, ou melhor, nesta terça-feira, completei 32 aninhos. Foram anos intensos, como são os anos de qualquer pessoa! Não vou me gabar dizendo o quanto eu me acho foda - eu sou foda, meu terapeuta me deu isso e ninguém me tira.
Nestes 32 anos aqui na Terra, entre belíssimas coreografias de ballet e grandes tropeços, eu quero agradecer.
Quero agradecer aos meus orixás. Quero agradecer por sentir o calor do sol, a chuva fria, o vento gelado, a cachoeira que estremece a alma, as ondas do mar batendo no meu corpo e fazendo eu perder o chão da areia que se vai. É muito bom estar aqui, porque existe uva, vinho, beijo na boca, abraço apertado, trepadas inesquecíveis e boas gozadas.
É bom estar aqui, porque fazem pijamas fofos, meias coloridas, lanjeries lindas, deliciosos bolos de prestígio, azeite extravirgem e pizza.
É muito legal estar aqui porque estou construindo uma história, tenho o que falar, tenho pelo o que rir e pelo o que chorar.
É bom estar aqui pelos homens que me fizeram feliz, pelos homens que me fizeram mulher (adoro esta divisão de homens) e pelos homens que foram canalhas comigo e me ensinaram a ser tão desprendida!
Agradeço pelas oportunidades que tive de tentar ser uma pessoa melhor, pelos bons amigos, por ter uma família, que seja de sangue, ou escolhida, está sempre ao meu lado quando preciso!

OBRIGADA POR ME TRAZER ATÉ AQUI

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Como uma pedra que rola

Talvez não seja a primeira vez que uso a música do Bob Dylan pra dizer como me sinto por aqui. Tenho certeza que já fiz isso antes. Porém, como diz de maneira extremamente cruel e verdadeira a vida "é o eterno retorno do mesmo". Não tenho dúvidas de que andamos em círculos constantemente.

Então, cá estou, novamente perdida, em uma nova cidade, sozinha e tendo que escolher entre fazer o que gosto, ou deixar minha mãe sozinha em um momento que sei o quanto preciso estar do lado dela.

Este dilema sempre me perseguiu. Foi quando eu me mudei para Bauru, para estudar; foi assim quando eu saí de casa pra morar com o primeiro namorado; foi assim quando me mudei para Araraquara. Mas em nenhum destes episódios eu senti tanto por deixar minha mãe. Sinto que ela precisa tanto de mim e talvez, verdade seja dita, eu também quero estar perto dela.

Mas dinheiro não dá em árvore, nem emprego e eu gosto de escrever, e eu adoro uma redação cheia de gente louca, e eu adoro ver o trabalho impresso depois e é a única coisa que eu sei fazer na vida e não tem outra coisa que eu queira.

E é nesta hora que o som toca alto na minha cabeça:

"How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
A complete unknown
Just like a rolling stone?"

Eu não sei como devo aproveitar o momento: agradecer por poder fazer o que gosto, ou me ver novamente sozinha, tendo que reconstruir mais um lar, em meio a tantos já perdidos. Estou alegre, estou triste, estou apenas deixando a coisa toda rolar!


Obs: O Uni, meu amigo irmão que descolou o emprego pra mim, acabou de me dar o livro "On The Road", do Jack Kerouak. Na capa, uma declaração de Dylan - "Este livro mudou a minha vida". Bem apropriado para o momento, não? Fazia tempo que eu queria ler este Kerouak, vou fazê-lo agora, com a licença de quem ainda passa aqui pra ler!

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Sob supervisão

Psicoterapia: tratamento de distúrbios ou doenças psicológicas por meio da discussão dos problemas do paciente, da sugestão, tranquilização etc, sem recorrer a medicamentos.

Hoje eu voltei ao meu primeiro terapeuta, estava precisada, muito precisada. Me fez lembrar de muitas coisas, desde a ida para Araraquara, até o meu retorno, agora, completamente sem forças e sem acreditar em nada.

Em meio às dores todas ditas ali, de uma vez, algumas coisas boas vieram a minha cabeça.

Mo final das contas, eu sou corajosa. Fiz muita coisa na minha vida sozinha, sem o apoio de ninguém, por minha própria conta e risco. Me dei bem, me dei mal, mas, se o caminho é meu, sou eu que tenho que caminhá-lo, certo?

Outra coisa que eu não tinha, quando comecei a terapia, e hoje é completamente diferente. Eu tenho amor próprio e é muito bom a gente se gostar, porque percebemos o que nos faz bem, o que nos fal mal e optamos pelo primeiro. Afinal, até que se prove o contrário, eu só passarei por aqui uma vez, então, se a pessoa tem algo de bom pra me dizer, ou fazer por mim, não tem que perder a oportunidade. É agora ou nunca!

Terceiro e último, eu sou uma pessoa autêntica e a merda do sistema odeia pessoas assim. Já pensei várias vezes que eu deveria me enquadrar mais, ter uma atitude mais pacata, mas não dá. A gente tem que ser sincero com nós mesmos para poder ter o mínimo de felicidade. Então, eu vou continuar falando o que penso, vestindo as roupas que eu gosto, me apaixonando em hora inapropriada, porque apesar de desejar muito a racionalidade, eu sou extremamente passional e é assim, sentindo o sangue pulsar nas minhas veias, que eu gosto de viver!

Porque o amor não escolhe hora, mas deveria...

Eu fugi! Confesso que me interessei demais por uma pessoa e, num momento de cagaço, aliado ao fato de ele também não ter ajudado muito, eu fugi. Me acovardei e eu NÃO faço isso facilmente.

Fugi porque ele parecia perfeito, porque ele tem o tipo de conversa que eu gosto, porque tem um sorriso lindo e um beijo encantador. Fugi porque este tipo de coisa vicia rápido, faz a gente querer mais o tempo todo e ele não está pronto pra isso. E se eu tenho medo, também não estou pronto, mas eu queria estar.

Então a estratégia é esta: apagar os vestígios, não ligar mais - eu liguei duas vezes e ele não estava disponível. Pior que eu entendo, quando estou mal, nem sempre quero falar. Mas não gosto de questões mal resolvidas. Quando depende de mim, todas os pontos finais são colocados em seus devidos lugares, para que eu possa continuar a caminhar em paz, sossegada, feliz!

Já não está mais comigo. E se tudo o que pensei, senti, desejei foram apenas coisas boas, que eu cosiga me desligar disso também com uma lembrança boa, a lembrança de que apesar de todas as pedras, ainda existe amor para eu dar. Só falta encontrar quem queira!

Esta é minha despedida pra você, punk da periferia! Foi bom me sentir viva deste jeito, como há muito tempo não me sentia.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

A Minha Maria Alice Vergueiro X A Minha Macabéa

Eu gosto de horóscopo. Eu leio todos os dias. Eu também vou a cartomantes; rituais xamânicos; retiros budistas; sou umbandista, acredito na força dos orixás; tomo florais, quando tenho dinheiro. Enfim, eu tenho ser um ser humano melhor, simplesmente porque eu acho que posso sê-lo. Então, eu faço tudo isso porque eu sou meio hipponga, aquariana, e por natureza, avessa a práticas tradicionais de encontrar Deus, paz interior, serenidade etc.

Hoje, comecei a manhã fazendo planos para os próximos dias e, como de praxe, fui ler meu horóscopo. Achei que passaria raiva, afinal, estou em meu inferno astral, MAS não. Olha só o que diz.

"Há, neste período, uma espécie de "desacordo" entre cabeça e coração. A razão determina um caminho, mas o emocional quer outra coisa. Não chega a ser nada grave, Luciana (mentira, é grave), mas tão somente um momento de indefinições temporárias e de acentuação de contradições. As escolhas mais adequadas ficarão mais claras ao final deste período (29/1 - dois dias antes do meu aniversário), por isso até lá não se preocupe tanto em tomar atitudes. Deixe a coisa cozinhando dentro de você, até que a certeza se manifeste".

Eu quase chorei de emoção. Porque de fato, sinto a minha cabeça na lua e meus pés dentro de um riacho que corre sabe-se lá pra onde. E eu sempre odiei isso. Eu sempre fico péssima quando a minha racionalidade desbunda e começa a brigar com as minhas emoções. Eu queria ter ou uma coisa, ou outra, as duas coisas juntas não dá.

Eu fico em pânico. E apesar de acreditar em tudo o que eu disse e tentar ser uma pessoa melhor, quando estou dispirocada deste jeito eu só sofro. E eu odeio sofrimento, afinal, aprendi no Budismo que nós estamos aqui para sermos felizes. Não é fácil, MAS eu tento.

O problema maior disso tudo é que eu me sinto cansada, sem energia, pertubada, insegura eEU NÃO SOU ASSIM! Eu sou uma pesssoa analisada o que me serviu pra duas coisas: me tornar a pessoa mais corajosa e livre que conheço e ter um cadinho de autoestima.

Ai, eu entro numas de misturar o lance das virtudes gregas versus as paixões que tiram a nossa razão. Um adendo: eu sou completamente a favor da razão, mas quando em crise, as malditas paixões me dominam com uma facilidade impressionante. Ai, tá muito confuso?

Bom, pra facilitar: eu me sinto dentro da história de "Jekyll & Hyde - O Médico e o Monstro", de Robert Louis Stevenson, só que numa versão mais tupiniquim, ou mais tropicália. Eu sinto que sou a Maria Alice Vergueiro, dando um tapa na pantera sem pudor nenhum e, de uma hora para a outra, me transformo na acanhada Macabéa. Aliás, se eu tivesse que personificar meu diagnóstico de bipolaridade, esta seria a imagem:

MINHAS DUAS FACETAS

Diante das previsões para os próximos dias e minha incoerência psíquica do momento, resolvi me isolar do mundo. Na verdade, eu queria ficar fora por uns dez anos, mas como querer não é poder, me isolarei até a metade da semana que vem, pelo menos. Vou deixar as coisas cozinharem dentro de mim pra ver se me fortaleço, ou se me jogo na lama do fundo do poço de vez!

De todo este dramalhão que me é peculiar, a única coisa que eu espero é me sentir melhor e um pouco mais equilibrada Eu preciso!

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Eu estou fora de ordem...

Gente, fudeu! Eu preciso ser monitorada urgentemente, ou seja, preciso voltar à terapia. Já está marcada para quarta-feira. Enquanto isso, vou ao Inferno amanhã, depois vou a Araraquara, porque haverá trabalho na mata - eu virei umbandista e eu preciso ir até lá neste domingo! Na volta, paro em Americana para ver meu querido amigo Uni, que sempre fala a coisa certa, que eu preciso escutar!

Por exemplo? Por exemplo, ontem eu bebi demais da conta, tinha saído com um punk que é a minha cara - diz ai, eu sair com um punk não é a minha cara? - e eu dei. Eu dei mesmo no primeiro encontro. Dei, eu queria, estava com vontade, não é a primeira vez que faço isso. Aí, hoje, eu acordei mal porque, na verdade, dar estando bêbada, não é uma boa idéia. Ainda mais para alguém que é bipolar e toma remédios controlados.

Conclusão: serotonina baixa, raiva por não ter segurado a periquita - eu queria aproveitar mais - angústia, taquicardia, pânico, raiva porque eu não arrumo o emprego com dignidade - só arrumo aqueles que não oferecem isso. Enfim, um dia péssimo.

Ai, meu amigo Uni me liga e me diz que se está tudo uma merda, pelo menos eu dei e me diverti. "Antes o punk que a terra". Digam, não é maravilhoso ter um amigo como este? O dia até ficou mais iluminado.

Ai, eu me animei, liguei para o meu ex terapeuta, Joel Katz, marquei consulta; depois um outro amigo, Hermes Canuto me ligou pra dizer que a namorada está surtada a ponto de se enternar. Fiquei feliz, antes ela do que eu!

E assim é! Eu estou me sentindo completamente fora de ordem, mas poderia ser pior. Eu poderia morar numa área de risco, poderia ter batido as botas na região serrana do Rio, poderia estar em um subemprego, mas ainda mantenho minha dignidade em relação a isso, e com ressaca moral, ou não, ainda tem quem me coma! Vou reclamar de que, não é mesmo?

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Eu quero viver minha depressão em paz

Oi, pessoas que, mesmo comigo não escrevendo há tempos, ainda me mandam notícias.

Espero que todos tenham começado o ano de maneira maravilhosa. O meu tá uma bosta, eu achei que ano novo, década nova, tudo de bom aconteceria num passe de mágica. Não, não é assim!

As novidades, bom, a coisa que mais roguei a Deus que não acontecesse, aconteceu. Voltei a morar com a minha mãe e irmão. Mais especificamente com o último, que é um maconheiro sujo, que se entope de farinha de maracujá, de berinjela e quinoa, mas no final das contas é um grosso!

Estou sem emprego, quer dizer, arrumei dois aqui em Sampa, mas como eles pagavam uma miséria, desisti. Ainda me resta um pouco de dignidade na vida e eu não trabalho em lugares onde eu não possa pagar minhas próprias contas!

Acontece que da fase bipolar, atualmente me encontro deprimida. Sim, porque eu acordo, mando currículos, troco a areia do gato, recolho as bostas dos cachorros, limpo o quintal, e este ciclo se repete pelo menos mais duas vezes por dia, desde a manhã até o anoitecer.

Quem não estaria depressiva com isso? Heim? Mas o que acontece? Estou na casa de minha mães, que apesar de vir pra cá somente na folga, me monitora de longe.

Liga pra saber se eu tomei café! Gente, eu não tomo café quando estou ruim! Liga pra saber se eu já levantei. Gente, eu nem tomaria banho, se tivesse escolha nesta fase. Isso se chama inibição psicomotora. Minha melhor amiga, quando estou deprimida é a cama, mas NINGUÉM ENTENDE ISSO.

E outra, tá todo mundo morrendo afogado por ai, fala-me o favor. Eu não consigo ser feliz com isso. Sem emprego, recolhendo bosta, o irmão falando que eu estou parasitando - ele me paga por isso. Cara, eu sinto muita falta de morar sozinha e poder curtir minhas insanidades do jeito que EU quero. Afinal, elas são minhas, não são?

Mas tudo bem, levantei, vou fazer tudo o que eu disse, tomarei um banho doloroso e tentarei me arrastar para qualquer lugar para que minha mãe fique feliz em saber que eu saí, que eu reagi, que eu saltei da cama.

Se eu encontrar alguma enchente no meio do caminho, juro que me jogo, heim?