segunda-feira, novembro 26, 2007

Momento de histeria profuda


Você sabe quando realmente está desesperada quando, mesmo sem acreditar, ensandece atrás de suas amigas, pedindo indicação de uma cartomante das boas! Céus, nossas tragédias são mesmo capazes de nos transformar em pessoas patéticas!

E eu sei que vou ficar psica com o que ela disser. Exemplo? Há alguns anos, fui em uma cartomante que me disse que eu encontraria um homem mais velho, jornalista, bem-sucedido. Há, mas na hora me veio na cabeça: "Ai, Jesus, é o Boris Casoy". A idéia fixa me perseguiu até alguém me dizer que o distinto comia da mesma fruta que eu até o caroço. Eu definitivamente não presto e gosto de me martirizar! Tomara que ela diga coisas boas. EU PRECISO OUVIR COISAS BOAS!

Um pouco Josefina


Um dia confiança plena, no outro a desolação a respeito de tudo e de todos. Aprende-se com os erros? Aprende-se o quê? Que não se deve confiar em ninguém? Que as pessoas são extremadamente egoístas e incapazes de serem generosas, mesmo com quem teve muita intimidade? Que é mais fácil fica pulando de emprego em emprego porque em menos de três meses quase nunca se tem tempo de conhecer o quanto teus colegas podem ser cruéis? Teorias, muitas teorias, enquanto tudo o que se quer é aprender a abrir os braços para a vida e ter forças para seguir em frente! Isso passa, demora, mas, caralho, uma hora passa!

quinta-feira, novembro 22, 2007

Um sopro de vida (Pulsações)




Não tenho boas lembranças de finais de ano. A impressão que tenho é que chega outubro e a coisa degringola, como se meu inferno astral começasse três meses antes. Este tem sido especialmente amargo. Muitas perdas, muitas dores, um coração partido. Bem, ao menos serve para lembrar que eu ainda tenho um e ele pulsa insistentemente!

Well, a última crise que tive, descobri Clarice Lispector e sua "A paixão segundo G.H". Uma das melhores coisas que já li em minha vida. Daqueles livros de atordoar, de te mostrar novos caminhos, novos experimentos. Então, aproveitando o momento de tempestade, e que oxalá venha o sol claro e escaldante em seguida, retomo Clarice e nas primeiras palavras já me embriago. Para dias de fossa, nada melhor que um bom escritor! Eles são capazes de fazer milagres pelas nossas pobres almas!

"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os morto porque neles vivemos.

De repente as coisas não precisam mais fazer sentido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é". (Clarice Lispector)

domingo, novembro 11, 2007

De volta aos psicotrópicos


Outro dia, em uma aula sobre Maquiavel, vimos que é preferível que O Príncipe seja mal a ser uma pessoa boa. Por quê? Porque para uma pessoa má, é possível realizar ações bondosas, mas pessoas boas jamais conseguem ser más quando precisam. Assim, Maquiavel chega à conclusão que somente uma pessoa má tem o perfeito dicernimento para decidir quando deve ser uma coisa ou outra.

Isto posto, digo sem nenhuma sombra de dúvidas que Maquiavel estava coberto de razão. Nos últimos dias, tentei ser a pessoa mais malvada do mundo. O que ganhei com isso? Noites de insônia, arrependimento, contradição, vontade de virar uma ostra, desejos suiscidas e a decisão de que definitivamente preciso voltar ao psiquiatra ou não conseguirei conviver comigo mesma nunca mais.

Ai, estou cheia deste mundo de provas e aspiações. Eu quero o paraíso agora!

quarta-feira, novembro 07, 2007

Por que não estar aqui


Coisas ruins têm acontecido. Coisas ruins sempre acontecem comigo no final do ano, é como se meu inferno astral começasse quatro meses antes!

Eu estava animada, viajei, planejei fazer uma festa estrondosa em meu aniversário para comemorar o fim do quarto ciclo de sete anos - não entendeu, paciência, não estou com vontade de explicar.

Mas eis que o mundo desaba em sua cabeça. De repente, você se vê sozinha, sem ter em quem confiar, querendo virar uma ostra, querendo que tudo simplesmente desapareça. E você afunda. E quando está no fundo, você só pensa que não se deve ouvir ninguém, que palavras são só palavras, que atitudes insensatas por mais que sejam feitas com as melhores das intenções, se saem pela culatra, simplesmente não há volta e você coloca tudo a perder.

Então você volta à tona e pensa que todos merecem uma segunda chance, que vale a pena tentar seguir em frente porque se pode fazer diferente, sempre se pode fazer diferente, porque as pessoas não são ruins simplesmente por serem, porque você não é uma pessoa má, porque você é incapaz de faer algo realmente covarde com alguém.

Mas daí você afunda novamente e, lá no fundo, você olha para os lados e tudo o que vê é um imenso e doloroso vazio. E dói, dói demais estar vivo. Para que continuar? Para que manter a esperança em coisas que no final sempre te decepcionam? As pessoas, as atitudes, as palavras, o mundo te transformando em algo que você não reconhece! Então você simplesmente permanece lá embaixo e decide que não quer mais voltar porque aqui em cima é tudo demasiado intranqüilo, cruel e sem controle. Dói demais estar vivo e você não quer mais sentir isso!

quinta-feira, novembro 01, 2007

Boas frases merecem ser repetidas


"Deus está morto, Marx morreu, Freud morreu, e eu mesmo não me sinto muito bem" - Alain Finkielkraut.

Em que a vida nos transforma


Fazemos coisas sempre achando que estamos fazendo o melhor a nós mesmos. Às vezes, sabemos que é perigoso, mas seguimos porque acreditamos que o momento é o importante. Momentos não são importantes, mas as consequências, puta que pariu, estas marcam para valer! E de repente você se olha no espelho e vê uma pessoa que não reconhece. É uma pessoa que simplesmente sente e pensa em coisas que lhes eram totalmente alheias até aquele momento. Como diria la mamá de Pedro Pablo Oliva "hijo, la vida nos convierte, a veces, en lo que realmente no somos".

Melancolia


O termo melancolia vem do grego melankholia. É formado pela associação das palavras kholê [bílis] e mêlas [escuro]. Melancolia significa literalmente a bílis negra, uma das muitas subst‚ncias constituintes do corpo humano segundo a medicina antiga, mas que em excesso provocaria uma desordem cujo principal sintoma seria o afundamento nos próprios pensamentos e a perda de interesse pelo mundo exterior. Supõe-se que a existência da bílis negra tenha sido deduzida da observação de vômitos de cor escura, mas os textos antigos não dão indícios de uma observação empírica. A bílis escura parece ter um caráter imaterial e uma grande força simbólica. Ainda segundo Aristóteles, uma das principais características dos melancólicos seria a propensão a se deixar levar pela imaginação. A melancolia teria, portanto, um caráter ambíguo na cultura grega: era tanto uma doença perigosa, que podia levar ao suicídio, quanto um estado de fermentação da alma, um instante de calmaria antes da explosão de novas idéias e formas.

O Passado de Alan Pauls ou Babenco


Fim de ano e desgraça nunca vem sozinha, pelo contrário, ela caminha em bandos! Então, você revisita o passado que nunca, por mais que tente, por mais que se queira, nos deixa liberto totalmente. Olha tudo o que fez e promete seguir adiante, sem cometer os mesmo erros, os malditos tropeços que podem impedir tanta coisa se você consegue se manter firme. Mas temos a noção de que o tempo é cíclico e de que a história irremedialvelmente se repete. Será? Difícil entender que a mudança é melhor que a estabilidade.


O Passado por Contardo Calligaris


A modernidade começa quando paramos de deixar que a tradição diga quem somos. Não terei necessariamente a mesma profissão que meu pai, não serei nobre porque ele foi, não viverei no mesmo lugar dos meus antepassados, não escolherei meus amores para preservar a integridade de minha casta, religião ou raça e por aí vai. Mas se o legado da tradição se torna menos relevante, é justamente porque o que me constitui é minha história - não apenas a intensidade do momento e a audácia de meus planos, mas o conjunto das experiências que vivi.

No começo da Revolução Francesa, o povo queria fazer tábua rasa: eliminar os nobres pela guilhotina e seus vestígios pelo fogo. Após um vigoroso debate, os vestígios foram poupados, e foram inventados os museus públicos. Poucas décadas depois, nasciam os conceitos de patrimônio histórico e de preservação dos monumentos. Ao mesmo tempo, surgia um interesse, que nunca mais se desmentiu, pela narração e pela compreensão da história.

Não funcionamos diferente: é possível guilhotinar os amores do passado ou (menos radical) apagar seus números de nosso celular, é possível até queimar fotografias -embora dificilmente sacrificaremos aquele desenho que compramos juntos, num sábado, na praça Benedito Calixto. De qualquer forma, mais que a lembrança, os rastros do passado sempre assombram o presente e o futuro.

Quando decretamos novos começos, ilusórios ou não, nem por isso conseguimos apagar nossa história: podemos apenas contá-la mais uma vez, quem sabe revisá-la ou corrigi-la, para pior ou para melhor.